27/02/2025
Segurança no Active Directory: os ataques mais comuns e suas defesas

 

O Active Directory (AD) é um dos pilares fundamentais na infraestrutura de TI de uma organização. Esse sistema desempenha um papel crucial, sendo responsável pela autenticação e autorização de usuários, pela criação de grupos e unidades organizacionais, além de gerenciar privilégios e acessos em toda a rede corporativa. Ele centraliza e controla os dados essenciais sobre todos os usuários e dispositivos, garantindo que apenas indivíduos autorizados tenham acesso aos recursos da empresa.

Devido à sua importância, o Active Directory se torna um alvo extremamente atraente para cibercriminosos. Ataques bem-sucedidos a essa infraestrutura podem comprometer toda a rede de uma organização, resultando em prejuízos financeiros, danos à reputação e até a exposição de dados sensíveis. Diversos incidentes de ransomware e outras invasões cibernéticas tiveram como ponto de entrada o AD, onde hackers conseguiram escalar privilégios e acessar máquinas, usuários e grupos, comprometendo a segurança de toda a rede. 

Neste cenário, a avaliação contínua da segurança do Active Directory e o monitoramento constante de suas operações tornam-se essenciais para a proteção da organização. A proatividade nesse processo é a chave para identificar vulnerabilidades antes que elas sejam exploradas por atores de ameaça. 

Principais Ataques ao Active Directory 

Ataques de Enumeração e Reconhecimento 

Username Enumeration 

No contexto de segurança do Active Directory, ataques de enumeração e reconhecimento são algumas das técnicas mais comuns utilizadas por atacantes para mapear e identificar vulnerabilidades no ambiente. Um dos ataques mais recorrentes nessa categoria é a enumeração de usuários, que pode ser executada de maneira bastante silenciosa, sem necessidade de autenticação prévia no Active Directory. 

 O ataque de Username Enumeration pode ocorrer com um simples acesso à porta 88 do protocolo Kerberos em um Domain Controller. Esse tipo de ataque exige que o atacante tenha apenas conectividade com a porta de autenticação Kerberos, que é responsável pela troca de tickets no AD. Usando ferramentas como o Kerbrute, o atacante pode enviar uma wordlist de possíveis nomes de usuários para essa porta. O protocolo Kerberos então tenta validar esses usuários e, dependendo da existência ou não de uma conta no KDC (Key Distribution Center), retorna um código de erro diferente. 

 Se o usuário não existir no diretório, o Kerberos retornará o código de erro 0x6 (KDC_ERR_C_PRINCIPAL_UNKNOWN), indicando que o ticket foi solicitado para um usuário inexistente. Esse comportamento é relativamente raro e serve como um indicativo claro de que o atacante está tentando identificar usuários válidos no sistema, sem realizar tentativas de login falhas que poderiam acionar alertas. 

 O ataque de enumeração de usuários geralmente passa despercebido, pois não gera falhas de login que poderiam ser facilmente detectadas por sistemas de monitoramento padrão. No entanto, para mitigar esse risco, é essencial habilitar o Event ID 4768 nos Domain Controllers, que registra quando um ticket de autenticação Kerberos é solicitado. Esse evento pode ser configurado para alertar sobre a solicitação de tickets para usuários inexistentes, permitindo que os administradores de segurança detectem possíveis tentativas de username enumeration. 

 Se várias solicitações de tickets com o código de erro 0x6 forem feitas a partir de um único endereço IP, isso pode ser um forte indicativo de que o Active Directory está sendo alvo de um ataque de username enumeration. Detectar esse tipo de comportamento pode ajudar a interromper o ataque antes que ele evolua para uma tentativa de brute force, password spraying ou até mesmo ASREPRoast, que são técnicas comuns utilizadas em ataques subsequentes. 

 

LDAP Enumeration 

Outro ataque de reconhecimento e enumeração muito comum em ambientes Active Directory é a enumeração via LDAP. Esse tipo de ataque pode ser feito com várias ferramentas e, na maioria dos casos, exige autenticação. No entanto, em alguns cenários específicos, como quando há LDAP Guest Access aberto, é possível enumerar o domínio sem precisar de credenciais. 

 Com o LDAP, um atacante pode consultar e mapear praticamente toda a estrutura do Active Directory, incluindo usuários, grupos, OUs, permissões, ACLs e outros objetos importantes. Se ele conseguir fazer essa enumeração, já tem uma visão clara do ambiente e pode planejar os próximos passos do ataque, como escalonamento de privilégios ou movimentação lateral. 

 As principais ferramentas usadas para esse tipo de ataque são PowerView e BloodHound. O PowerView é uma ferramenta baseada em PowerShell que permite consultar o LDAP do domínio. Ele pode ser executado diretamente em uma máquina dentro do ambiente ou até mesmo fora, caso o atacante tenha credenciais válidas e acesso às portas 389 (LDAP) e 445 (SMB). Como faz pequenas consultas de cada vez, sua detecção pode ser mais difícil, já que ele se mistura melhor com o tráfego normal do ambiente. 

 Já o BloodHound funciona de forma diferente. Ele tem uma interface gráfica que facilita a análise das relações de confiança dentro do AD. Ele usa ingestores, que são scripts responsáveis por coletar os dados do ambiente e enviá-los para a interface gráfica. Esses ingestores podem ser executados tanto dentro do domínio quanto externamente, desde que o atacante tenha acesso às portas 389 e 445. Como o BloodHound coleta um volume muito maior de dados em um curto espaço de tempo, acaba sendo mais ruidoso e mais fácil de ser detectado. 

 A detecção da enumeração LDAP pode ser desafiadora porque qualquer Domain Controller responde igualmente a essas consultas. Em muitos ambientes, a segurança se concentra apenas nos principais DCs, deixando alguns menos monitorados, como um DC-06 ou DC-08, que podem se tornar alvos mais fáceis para esse tipo de ataque. O monitoramento adequado pode identificar consultas LDAP suspeitas, como aquelas que listam SPNs ou fazem grandes volumes de requisições em sequência. Um bom exemplo é a query (&(samAccountType=805306368)), que é frequentemente usada para buscar contas de serviço no ambiente. Esse tipo de comportamento pode indicar que uma ferramenta de enumeração está sendo usada no domínio. 

 Outro ponto importante na detecção é o monitoramento dos eventos do Windows. O Event ID 5145 pode ajudar a identificar acessos suspeitos a recursos sensíveis. Além disso, os Relative Target Names, como lsarpc, srvsvc e samr, são frequentemente acessados por ferramentas de enumeração, e se um único IP ou usuário estiver consultando muitos desses objetos em um curto período, é um forte indicativo de que o ambiente está sendo mapeado. 

 Se um ambiente permitir consultas LDAP sem autenticação, isso pode facilitar ainda mais a vida de um atacante, já que ele poderá obter informações sem precisar de credenciais. 

Ataques de Credenciais 

Password Spray 

Em ambientes Active Directory, um dos ataques mais comuns contra credenciais é o Password Spraying. Diferente do Brute Force, que tenta diversas senhas contra um único usuário até encontrar a correta, o Password Spraying adota uma abordagem mais sutil e eficaz: em vez de testar várias senhas para um único usuário, o atacante escolhe uma ou poucas senhas e as testa contra uma ampla lista de usuários. 

 Essa técnica tem uma grande vantagem sobre os ataques convencionais: minimiza drasticamente o risco de bloqueios automáticos. A maioria das políticas de segurança do AD bloqueia contas após algumas tentativas falhas seguidas, tornando um ataque de força bruta mais fácil de detectar. No Password Spraying, como cada usuário recebe apenas uma tentativa de senha por rodada, os bloqueios raramente são acionados, dificultando a detecção. 

 O ataque se torna ainda mais eficiente quando o atacante já realizou um reconhecimento do ambiente. Se ele conseguiu enumerar usuários válidos — seja via Kerberos sem autenticação, PowerView ou BloodHound — pode testar senhas fracas ou previsíveis com altas chances de sucesso. Muitas organizações ainda utilizam padrões de senha previsíveis, como Empresa@2025, Senha123, Welcome2025 e variações semelhantes. Como muitos usuários seguem essa prática, esse tipo de ataque frequentemente resulta em acessos válidos. 

 Uma vez que o atacante obtém credenciais legítimas, o cenário muda completamente. Agora, ele pode realizar movimentação lateral, escalar privilégios e acessar recursos internos sem levantar suspeitas. O Password Spraying é uma técnica amplamente explorada justamente por sua simplicidade e eficiência, tornando essencial que as empresas adotem políticas robustas de senha e monitoramento contínuo para mitigar riscos. 

 Em diversos pentests que realizamos, não é raro encontrarmos contas — inclusive administrativas — protegidas por senhas fracas, facilmente comprometidas através dessa técnica. Muitas vezes, credenciais privilegiadas acabam sendo exploradas exatamente por seguirem um padrão previsível, representando um risco crítico para a segurança do ambiente. A detecção desse tipo de ataque exige monitoramento ativo dos logs de autenticação. Um dos sinais mais evidentes de Password Spraying é a ocorrência de múltiplas falhas de login em contas distintas, mas todas partindo de um mesmo IP. Diferente do Brute Force, onde uma única conta pode ser rapidamente bloqueada, o Password Spraying espalha as tentativas de login de forma discreta, contornando facilmente as políticas de segurança convencionais. 

 Para minimizar esse risco, a implementação de políticas de senha fortes é essencial. Senhas devem ter pelo menos 12 caracteres, combinando maiúsculas, minúsculas, números e caracteres especiais. Além disso, é fundamental bloquear o uso de padrões previsíveis, como Empresa@2025 ou Senha123.  

 A conscientização dos usuários é outro fator crítico. Treinamentos periódicos sobre boas práticas de segurança, aliados ao uso de cofres de senha para armazenamento seguro das credenciais, reduzem significativamente a exposição ao ataque. Sem uma cultura organizacional voltada para a segurança, ferramentas e monitoramento por si só não são suficientes para proteger o ambiente. O Password Spraying continua sendo uma das portas de entrada mais exploradas por atacantes, e apenas uma abordagem proativa e estratégica pode mitigar essa ameaça de forma eficaz. 

 Kerberoasting 

O Kerberoasting é uma das técnicas preferidas de atacantes que exploram ambientes Active Directory. Esse ataque tem como alvo contas de serviço, que muitas vezes possuem privilégios administrativos ou são responsáveis por processos críticos dentro da rede. Para realizá-lo, o atacante precisa, antes de tudo, de uma conta válida no domínio, ou seja, ele já deve estar autenticado no ambiente. 

 No Active Directory, qualquer usuário autenticado pode solicitar um Ticket Granting Service (TGS) para acessar um serviço específico registrado com um Service Principal Name (SPN). O SPN é um identificador que vincula um serviço específico a uma conta no AD, permitindo que aplicativos e sistemas utilizem autenticação Kerberos. O problema é que esse TGS é criptografado utilizando o hash da senha da conta do serviço associado ao SPN. Isso significa que, se a senha for fraca, o atacante pode extrair o ticket e obter a senha. 

 A grande vantagem do Kerberoasting para um atacante é que ele pode realizar um ataque de força bruta offline, testando milhares ou milhões de combinações de senha sem o risco de bloqueios de conta. Para isso, ele pode utilizar ferramentas como Rubeus e GetUserSPNs da suite Impacket, que permitem enumerar contas de serviço com SPN e solicitar os tickets necessários para o ataque. O processo pode ser realizado tanto na própria máquina do atacante quanto em qualquer outra estação autenticada no domínio. 

 Em diversos pentests, comprometemos contas de serviço que faziam parte de grupos administrativos, nos dando acesso privilegiado ao ambiente. Isso acontece porque muitas dessas contas utilizam senhas fracas ou nunca foram alteradas, tornando-as alvos fáceis. A melhor defesa contra o Kerberoasting é garantir que as contas de serviço tenham senhas complexas e únicas, armazenadas de forma segura em cofres de senha. Além disso, recomenda-se implementar Managed Service Accounts (MSA) ou Group Managed Service Accounts (gMSA), que gerenciam senhas automaticamente e reduzem o risco de comprometimento. 

 Outra abordagem bastante eficaz para detectar tentativas de Kerberoasting é a criação de um SPN falso como honeypot. Esse SPN não está vinculado a nenhum serviço real, ou seja, não há motivo legítimo para que um TGS seja solicitado para ele. Caso um atacante tente recuperar um ticket para esse SPN fake, isso pode indicar um comportamento malicioso e que a conta de usuário utilizada para a solicitação já está comprometida. Esse tipo de detecção permite uma resposta rápida, possibilitando a investigação da conta suspeita antes que o ataque escale. 

 O Kerberoasting continua sendo uma das formas mais eficazes de escalar privilégios dentro de um domínio, e sua mitigação exige não apenas boas práticas de senha, mas também monitoramento contínuo de requisições suspeitas de TGS e alertas sobre o uso de ferramentas conhecidas para esse tipo de ataque. Ambientes que não adotam essas precauções permanecem vulneráveis, permitindo que atacantes escalem privilégios e comprometam toda a infraestrutura. 

AS-REP Roasting 

O AS-REP Roasting é uma técnica de ataque amplamente utilizada em ambientes Active Directory para a obtenção de credenciais, e sua principal vantagem é que o atacante não precisa estar autenticado no domínio para realizá-lo. O ataque explora uma falha na configuração do Kerberos, especificamente nas contas de usuários que têm a opção “Do not require Kerberos preauthentication” ativada. Essa opção permite que qualquer pessoa possa solicitar um Authentication Service Response (AS-REP) sem a necessidade de autenticação prévia. 

Quando essa configuração está habilitada para um usuário, o atacante consegue solicitar um ticket AS-REP para a conta em questão. Esse ticket é criptografado com o hash da senha do usuário, o que significa que, uma vez obtido, o atacante pode realizar um ataque de força bruta offline, tentando quebrar o hash da senha. Esse processo é bastante semelhante ao Kerberoasting, mas a diferença é que, enquanto o Kerberoasting exige que o atacante tenha uma conta no domínio, no AS-REP Roasting o atacante pode explorar a vulnerabilidade mesmo sem estar autenticado, tornando-o um ataque mais acessível e difícil de ser detectado inicialmente. 

Embora a pré-autenticação Kerberos seja a configuração padrão para todas as contas no Active Directory, há algumas situações em que ela é desabilitada, geralmente por questões de compatibilidade com sistemas legados ou com serviços que não suportam o mecanismo de pré-autenticação. Em alguns casos, administradores podem desativar essa configuração para contornar problemas com aplicações antigas ou sistemas personalizados, o que abre uma brecha para esse tipo de ataque. Outro cenário que facilita a exploração desse ataque são as configurações herdadas ou negligenciadas, onde algumas contas ficam com a pré-autenticação desabilitada sem que isso seja percebido. 

Para mitigar os riscos do AS-REP Roasting, é fundamental garantir que a opção de pré-autenticação Kerberos esteja habilitada para todas as contas de usuário no ambiente, especialmente para contas administrativas e de serviço. Além disso, é essencial monitorar solicitações de AS-REP de forma proativa, investigando tentativas de obtenção de tickets de contas que não deveriam estar envolvidas nesse processo. Outro ponto importante é a utilização de senhas fortes e complexas, o que dificulta a quebra dos hashes obtidos durante o ataque. Contas privilegiadas nunca devem ter a pré-autenticação desabilitada. 

Ataques de Elevação de Privilégio 

Um dos maiores motivos para a elevação de privilégios dentro de um ambiente Active Directory é o excesso de permissões concedidas a contas de usuário, muitas vezes sem a percepção do administrador. Em alguns casos, um usuário pode ser adicionado a um grupo com mais privilégios do que o necessário, apenas para facilitar o acesso a um recurso ou serviço específico. Isso cria um ponto de vulnerabilidade, pois um invasor que comprometer essa conta poderá explorar esses privilégios para escalar sua permissão dentro da rede. 

O risco é ainda maior quando as permissões são atribuídas sem uma avaliação cuidadosa das necessidades reais de cada conta. O princípio do menor privilégio — conceder apenas as permissões mínimas necessárias para a execução das tarefas de um usuário — muitas vezes não é seguido de forma rigorosa, o que resulta em um aumento exponencial dos direitos de acesso. Sem um gerenciamento de identidade e controle de acesso adequados, o ambiente se torna um campo fértil para escalar privilégios de forma indetectável. 

Outro aspecto crítico para a escalada de privilégios no Active Directory são as configurações de delegação de privilégios. Existem diferentes tipos de delegação, como a delegação irrestrita (Unconstrained Delegation), a delegação restrita (Constrained Delegation) e a delegação baseada em recursos (Resource-Based Delegation) 

A delegação irrestrita, por exemplo, permite que um servidor assuma a identidade de um usuário em qualquer outro servidor, o que pode ser explorado por atacantes para acessar serviços e recursos de forma indevida. A delegação restrita é mais segura, pois limita os serviços para os quais um servidor pode delegar credenciais, mas ainda assim, se mal configurada, pode ser uma porta de entrada para elevação de privilégios. Já a delegação baseada em recursos permite que o controle sobre a delegação seja mais refinado, mas também pode ser mal configurada, criando brechas de segurança. 

Para mitigar esses riscos, é fundamental realizar uma auditoria contínua das permissões concedidas e das configurações de delegação dentro do Active Directory. Empresas especializadas em segurança, como a iT.eam, podem realizar um assessment de segurança para identificar e corrigir essas falhas, garantindo que apenas as permissões necessárias sejam atribuídas e que a delegação de privilégios seja configurada de forma segura. 

Persistence e Movimentação Lateral 

DCSync Attack 

Dentro das técnicas de persistência no Active Directory, o ataque de DCSync é um dos mais comuns e eficazes. Esse ataque permite que o invasor obtenha os hashes de credenciais de todos os usuários e máquinas do domínio, proporcionando acesso completo à rede. Para que o ataque seja bem-sucedido, o atacante precisa ter comprometido uma conta com privilégios de replicação de domínio. Por padrão, contas de Domain Admin e Domain Controller já possuem esse privilégio, mas em alguns casos, outras contas ou grupos podem obter permissões elevadas devido a configurações incorretas ou falhas na gestão de privilégios. 

Uma vez que o atacante tenha acesso a essas permissões, ele emula um Domain Controller e solicita a replicação do Active Directory. O servidor legítimo de Domain Controller, então, envia uma cópia do banco de dados NTDS.dit para o atacante, como se fosse um controlador legítimo. O NTDS.dit é o banco de dados principal que contém todas as informações de autenticação do Active Directory, incluindo os hashes das credenciais. Com acesso a esse banco de dados, o atacante pode extrair todas as credenciais armazenadas e usá-las para realizar ataques de Pass-the-Hash ou até mesmo criar um Golden Ticket, utilizando o hash da conta do krbtgt (que falaremos em outra seção). 

Para detectar esse tipo de ataque, é importante monitorar o evento 4662, que indica acesso a objetos no Active Directory. Esse evento inclui registros de solicitações de replicação, e pode ser configurado para alertar sobre atividades suspeitas envolvendo replicação de domínio. Ao observar as strings relacionadas a replicação, como “DS-Replication-Get-Changes” ou “DS-Replication-Get-Changes-All”, é possível identificar quando uma conta não autorizada está tentando realizar um DCSync. Além disso, certos GUIDs associados a privilégios de replicação podem ser monitorados, como 1131f6ad-9c07-11d1-f79f-00c04fc2dcd2 e 89e95b76-444d-4c62-991a-0facbeda640c, que representam identificadores únicos de direitos de replicação de domínio no Active Directory. 

O monitoramento contínuo desses eventos e GUIDs pode ajudar a detectar tentativas de DCSync feitas por contas não autorizadas, permitindo que ações corretivas sejam tomadas rapidamente para mitigar o risco de comprometimento total do ambiente. Implementar uma estratégia de monitoramento eficaz, junto com uma revisão regular das permissões de replicação, são medidas para proteger o Active Directory contra esse tipo de ataque. 

 Pass-the-Hash (PtH) 

O Pass-the-Hash (PtH) é uma técnica amplamente utilizada por atacantes para interagir com serviços e protocolos, mas, ao invés de usar a senha em texto claro, ele faz uso do hash NTLM do usuário. Esse hash pode ser extraído de várias maneiras, incluindo técnicas como o DCSync (já discutido em tópicos anteriores), ou ainda por meio de ataques como o dump da memória LSASS, extração do SAM (Security Account Manager) e do arquivo System, entre outras abordagens. 

Com o hash NTLM em mãos, o atacante pode realizar diversas ações maliciosas no ambiente comprometido. Uma das mais comuns é a execução de comandos em máquinas remotas utilizando ferramentas como o PsExec, que permite que o atacante execute comandos no sistema-alvo sem precisar conhecer a senha. Da mesma forma, o atacante pode utilizar o WinRM (Windows Remote Management) para interagir com o serviço de administração remota, executar comandos no sistema, e até mesmo usar o WMI (Windows Management Instrumentation) para obter informações do sistema ou controlar outros processos. 

Além disso, o atacante também pode se autenticar em sessões de RDP (Remote Desktop Protocol) utilizando o hash NTLM, obtendo acesso total à máquina alvo sem nunca precisar conhecer a senha real do usuário. Isso torna o Pass-the-Hash um ataque muito poderoso, pois permite ao invasor comprometer sistemas e realizar ações que normalmente exigiriam uma autenticação legítima. 

Em resumo, o Pass-the-Hash possibilita ao atacante realizar quase todas as operações que um usuário com a senha em texto claro poderia executar. 

Golden Ticket  

O ataque de Golden Ticket é amplamente conhecido por seu alto impacto em um ambiente Active Directory. Esse ataque se torna possível após a execução do ataque DCSync e a extração do hash da conta krbtgt, que é a conta responsável por assinar os tickets Kerberos no domínio. Uma vez que o atacante obtém o hash dessa conta, ele é capaz de criar e assinar qualquer ticket no domínio, fazendo com que o ticket seja validado e aceito pela autoridade máxima do Active Directory, que é o próprio controlador de domínio. 

Com o Golden Ticket, o atacante pode gerar tickets Kerberos que podem ter uma validade de até 10 anos ou mais. Isso demonstra a potência dessa técnica, pois, uma vez que o ticket é criado, o atacante pode usá-lo por anos, independentemente de mudanças na senha do usuário ou em outras credenciais associadas. Esse tipo de ataque pode garantir acesso quase permanente ao ambiente, dando ao invasor um controle contínuo sobre os sistemas. 

Uma das características mais perigosas do Golden Ticket é a capacidade do atacante de personalizar todos os parâmetros do ticket. Isso inclui a definição de informações como a duração do ticket, mas também permite a manipulação de identificadores de segurança. Por exemplo, o atacante pode criar um ticket que dá ao usuário um nível de privilégio mais elevado, como transformá-lo em administrador, mesmo que essa conta originalmente não possua privilégios de administrador. Isso significa que, dentro do escopo do Golden Ticket, o atacante pode atuar como se fosse um administrador, sem que a conta real tenha esse privilégio. 

A mitigação contra esse ataque envolve práticas essenciais de segurança, sendo a troca constante da senha da conta krbtgt a medida mais importante. Ao realizar a alteração periódica dessa senha, a chave para assinar os tickets é alterada, dificultando a utilização de Golden Tickets gerados anteriormente. 

Pass-the-Ticket (PtT) 

O ataque Pass-the-Ticket (PtT) é uma técnica semelhante ao Pass-the-Hash, mas, ao invés de usar o hash NTLM do usuário, o atacante utiliza um ticket Kerberos válido para autenticar-se em serviços no nome desse usuário, sem a necessidade de conhecer sua senha. Essa técnica é particularmente perigosa, pois permite que o atacante se autentique e interaja com sistemas e serviços como se fosse o próprio usuário, aproveitando-se da confiança que o protocolo Kerberos oferece. 

Ferramentas como o Rubeus são comumente utilizadas para esse tipo de ataque, pois permitem que o atacante exporte todos os tickets de autenticação armazenados na máquina comprometida, mesmo que esses tickets pertençam a outros usuários. Com isso, o atacante pode capturar tickets válidos e reutilizá-los para se autenticar em diferentes serviços dentro do domínio, facilitando a movimentação lateral na rede sem levantar suspeitas. 

Estratégias de Defesa e Hardening do Active Directory 

Uma das primeiras ações deve ser adicionar contas críticas ao grupo “Protected Users”. Isso impede o uso de métodos de autenticação antigos, como NTLM e Kerberos antigos, tornando essas contas mais seguras contra ataques como Pass-the-Hash. 

Outra medida importante é isolar as estações de trabalho administrativas. Isso ajuda a garantir que essas máquinas, que possuem privilégios elevados, não compartilhem a rede com dispositivos mais vulneráveis, o que reduz as chances de um comprometimento de maior escala. 

O monitoramento constante e o registro detalhado de logs são vitais para identificar atividades suspeitas rapidamente. Configurar alertas para comportamentos anômalos pode ser uma forma eficiente de detectar ameaças e permitir uma resposta imediata. Além disso, a implementação de uma estratégia de tiering, que classifica usuários e dispositivos de acordo com o nível de privilégio, também é essencial. Isso restringe o acesso aos recursos mais críticos e isola áreas sensíveis do restante da rede. 

O uso de soluções SIEM para análise e correlação de dados em tempo real facilita a detecção de padrões incomuns e atividades maliciosas. Estratégias de deception, como honeypots, também são eficazes, pois atraem atacantes para ambientes controlados, onde suas ações podem ser observadas e neutralizadas. 

Outra medida crucial é a implementação do LAPS (Local Administrator Password Solution), que gerencia as senhas de administradores locais, evitando o uso de senhas fracas ou reutilizadas, comuns em muitos ambientes. 

Finalmente, garantir que patches e atualizações sejam aplicados regularmente é uma etapa fundamental para corrigir vulnerabilidades conhecidas e prevenir que falhas sejam exploradas. 

Como Avaliar a Segurança do Seu Active Directory 

A avaliação da segurança do AD é uma das etapas mais importantes para proteger os ativos digitais de uma empresa. Realizar testes de intrusão (Pentest) no AD oferece uma maneira eficaz de identificar falhas antes que um atacante possa explorá-las. Os Pentests emulam ataques reais, permitindo avaliar como o sistema responde às ameaças e fornecendo insights valiosos sobre possíveis vulnerabilidades. 

Além disso, é importante adotar uma abordagem contínua de avaliação da segurança, visto que as ameaças estão em constante evolução. A implementação de uma rotina de testes regulares, atualizações e monitoramento constante do AD permite detectar rapidamente comportamentos suspeitos e corrigir falhas antes que um ataque aconteça. Em um ambiente corporativo, casos reais de comprometimento do AD mostram como vulnerabilidades, muitas vezes não percebidas, podem ser exploradas para obter acesso irrestrito a informações sensíveis e sistemas críticos. 

Como Nossa Solução de Pentest Pode Ajudar 

A nossa solução de Pentest é projetada para oferecer um diagnóstico completo das vulnerabilidades existentes no seu Active Directory. Com uma abordagem técnica e detalhada, realizamos uma emulação de ataques reais para validar a eficácia das suas defesas, identificando brechas que podem ser exploradas por atacantes. 

Além disso, nossos relatórios são personalizados e oferecem recomendações práticas e diretas para a mitigação de riscos, com ações que podem ser implementadas de imediato para melhorar a segurança do seu AD. Oferecemos também uma consultoria para implementar boas práticas e um processo de hardening personalizado, ajustando as configurações de segurança conforme as necessidades e particularidades do seu ambiente. 

Conclusão 

A segurança do Active Directory é essencial para a proteção da infraestrutura digital de uma empresa. O AD é um ponto central para o controle de acesso e a integridade dos sistemas, sendo, portanto, um alvo principal para os atacantes. A realização de testes contínuos e a aplicação de medidas de segurança adequadas são fundamentais para evitar ataques sofisticados que podem comprometer dados críticos. Para garantir que sua empresa esteja bem protegida, entre em contato conosco e agende uma avaliação detalhada da segurança do seu Active Directory. Estamos prontos para ajudar a fortalecer a segurança da sua infraestrutura! 

 

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